A explosão de luz e escuridão os envolveu por completo. O chão tremia sob seus pés, e as paredes da câmara começaram a se distorcer, ondulando como se o próprio espaço estivesse sendo rasgado. Ethan sentiu a pressão sobre sua mente aumentar, como se estivesse sendo esmagado por uma força invisível, uma força maior que tudo o que ele já havia enfrentado.
Mas ele não iria sucumbir. Não agora.
Com um esforço colossal, ele se concentrou, sentindo a energia que emanava da esfera ser absorvida por suas mãos, correndo através de seu corpo como um rio de pura força. Ele podia sentir a conexão com o Véu, o tecido da realidade, sendo puxado e retorcido, mas ao mesmo tempo, algo em sua essência estava resistindo a essa distorção. O Fragmento que ele possuía estava reagindo, como se fosse a chave que equilibrava a balança entre os dois mundos.
— Ethan! — Elyss gritou, sua voz cortando o caos ao seu redor. Ela estava ao seu lado, sua energia convergindo com a dele. Juntos, eles estavam resistindo à pressão do Véu, mas ela sabia que isso não duraria para sempre. — Não podemos deixar que isso nos consuma!
Mas mesmo com suas palavras de encorajamento, Ethan sentia que estava perdendo o controle. A essência do Véu estava tentando se infiltrar em sua mente, tentando corromper seus pensamentos e sua vontade. Ele viu imagens de mundos alternativos, visões de futuras catástrofes e destruição, onde o Véu consumia tudo, deixando apenas um vazio eterno.
O Limiar estava ali, assistindo tudo com um sorriso frio, suas mãos estendidas como se controlasse o fluxo da energia que os envolvia. Ele não parecia preocupado, pois sabia que, no final, o Véu seria inevitável.
— Isso é só o começo, Ethan. Você não pode impedir o Véu. Ele é a essência do que existe e do que não existe. Ele é o fim e o começo. O equilíbrio entre a criação e a destruição. E você... — O Limiar olhou para ele, um brilho de satisfação nos olhos. — Você foi escolhido. Não há mais volta.
Mas Ethan não estava disposto a aceitar essa sentença. Ele sabia que, se fosse consumido pela força do Véu, tudo o que ele havia lutado para proteger seria destruído. E não apenas isso — sua própria existência seria apagada, como se nunca tivesse sido. Ele sentiu a essência do Fragmento pulsando dentro de si, mais forte do que nunca, como se estivesse respondendo ao seu desejo de lutar contra a escuridão.
Ele olhou para Elyss, seu rosto determinado apesar do pânico que ela estava sentindo. Eles estavam juntos nisso, e não importava quão poderosa fosse a entidade que os ameaçava — juntos, eles poderiam resistir.
— Elyss... — Ele sussurrou, sua voz agora mais firme. — Eu não vou deixar que isso nos destrua. Não enquanto eu puder lutar.
Elyss assentiu, seus olhos brilhando com uma força renovada. Ela estendeu a mão, e a energia que irradiava dela se uniu à de Ethan, criando uma onda de poder que reverberou pela sala. Juntos, eles criaram uma barreira de luz que parecia resistir à força do Véu, afastando as sombras e os fragmentos de distorção que tentavam engolir tudo ao redor.
Mas o Limiar não parecia afetado por isso. Ele apenas observava, como se estivesse esperando algo.
— Você não entende, Ethan. O Véu não pode ser parado. Ele já está dentro de você, e a cada momento em que você tenta resistir, você apenas fortalece sua conexão com ele. Você foi escolhido. Não há saída.
As palavras do Limiar ecoavam na mente de Ethan, mas ele não podia acreditar nisso. Ele sabia que havia algo mais, algo que o Fragmento ainda não havia revelado. Algo que ele poderia usar contra o Véu. Ele precisava descobrir qual era essa chave antes que fosse tarde demais.
Elyss parecia sentir o mesmo. Ela olhou para a esfera brilhante no centro da sala, a fonte de toda aquela energia. Ela estava convencida de que a chave para derrotar o Véu estava ali, na essência daquela esfera, e que, de algum modo, o Fragmento de Ethan estava relacionado a isso.
— Ethan, a esfera... — Elyss disse, seus olhos fixos na luz intensa. — A resposta está ali. Eu sinto isso. O Véu não pode existir sem uma fonte. Precisamos destruí-la.
Ethan olhou para a esfera, sua mente ainda confusa, mas agora mais focada. Ele não sabia como faria isso, mas sabia que a única maneira de derrotar o Véu seria cortar sua conexão com aquela essência primordial.
Com um movimento abrupto, ele avançou em direção ao pedestal onde a esfera brilhava. Elyss o seguiu, e juntos, eles ergueram suas mãos, canalizando toda a energia do Fragmento e de suas próprias almas para a esfera. A luz que emanava dela começou a se intensificar, quase opressiva, como se tentasse resistir à força deles.
— Agora! — Ethan gritou, sua voz ressoando no abismo da câmara.
Elyss e Ethan se concentraram, e, com uma explosão de poder, suas energias se fundiram e atingiram a esfera. A luz branca se intensificou a um ponto em que parecia que a própria realidade estava sendo desfeita, e a escuridão do Véu tentou consumir tudo. Mas no instante em que a energia se encontrou com a esfera, uma onda de distorção se espalhou pela sala, quebrando a estrutura da câmara, desintegrando o Véu.
O Limiar gritou, sua voz cheia de desespero, enquanto a esfera começou a se fragmentar. A sala inteira parecia colapsar sobre si mesma, como se o próprio espaço e o tempo estivessem sendo desfeitos. Mas, no último momento, antes de tudo se desfazer, uma visão apareceu diante de Ethan: uma visão de um mundo renascente, livre da escuridão que o Véu trouxera.
Ethan e Elyss caíram no chão, exaustos, mas vitoriosos. A energia do Véu havia sido destruída, e a realidade começava a se estabilizar. O peso que eles haviam carregado por tanto tempo começou a desaparecer, e, pela primeira vez, Ethan sentiu que o ciclo estava completo.
O Limiar havia desaparecido, e a essência do Véu estava se desintegrando diante deles.
— Conseguimos... — Elyss disse, sua voz fraca, mas cheia de alívio.
Ethan olhou para ela, sentindo o peso das últimas horas caírem sobre ele. Mas, apesar de tudo o que haviam enfrentado, ele sabia que, de algum modo, o Véu ainda não estava completamente acabado. Mas essa batalha, pelo menos, estava vencida.