Cherreads

Chapter 6 - Capítulo 6 – Sangue, Chamas e Verdades Veladas

Eles vieram em silêncio.

Três figuras encapuzadas, com mantos brancos manchados de vermelho. Seus olhos brilhavam com fervor insano. Cada um carregava uma lâmina curva com símbolos que ardiam em púrpura.

— Em nome do Fim Branco... purifiquem os impuros! — gritou o da frente.

Velka já estava em movimento antes que terminasse a frase. Sua flecha atravessou o crânio do primeiro. Eu corri para o segundo, desviando de sua lâmina e cravando a adaga no estômago dele.

Mas o terceiro...

Ele falou algo em uma língua antiga. O chão estremeceu. Uma sombra se ergueu do solo, como se o próprio mundo sangrasse.

Fiquei paralisado. Algo dentro de mim — antigo, adormecido — reagiu àquela presença.

O sacerdote sorriu.

— Você sente, não é? O chamado do sangue. Do Criador e Destruidor. Você é... dele.

Minha cabeça latejou. Vozes sussurravam no fundo da mente. As chamas da fogueira se tornaram negras por um instante. O tempo parou.

E então... Velka me puxou.

— Akira! Lute contra isso!

O toque dela me ancorou. A visão se partiu como vidro. Gritei, e uma onda de força explodiu do meu corpo. As sombras se dissiparam, o sacerdote foi lançado contra a parede da caverna com um estalo seco.

Silêncio.

Ofegante, caí de joelhos. Meus olhos ardiam.

— Eu... o que foi isso?

Velka se ajoelhou diante de mim, tocando meu rosto.

— Um fragmento. Do que você é. Do que pode se tornar.

— Eu não quero ser como ele.

— Então lute. Todos os dias. E se tropeçar... eu vou estar aqui.

Nos encaramos. A tensão era insuportável. A raiva, o medo, o alívio... e algo mais. Algo mais suave.

— Você me salvou — sussurrei.

Ela mordeu o lábio inferior.

— Talvez porque eu já me importo mais do que deveria...

Sem pensar, puxei-a para perto. Nossos lábios se encontraram, não como fuga, mas como colisão. Fúria e ternura misturadas, como duas lâminas que se chocam e se moldam uma à outra.

Foi rápido. Mas real.

Quando nos separamos, ela encostou a testa na minha.

— Isso não muda quem somos. O mundo ainda quer nos engolir.

— Então vamos engolir ele primeiro — respondi.

Ela sorriu. Pela primeira vez, de verdade.

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