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Meu Sistema de Bestas

David_CO
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Synopsis
Após perder seus pais em um acidente e ver sua irmã lutar contra uma doença incurável, Han Joonwoo vive à beira do desespero, trabalhando dia e noite para sobreviver em uma sociedade fria e desigual. Em um mundo dividido entre a Terra comum e a misteriosa Terra Espelhada — onde criaturas meio-animais governam e apenas os caçadores mais fortes sobrevivem — a esperança parecia um luxo inalcançável. Até que um encontro inesperado com um estranho caçador mascarado lhe oferece uma chance: Ganhar poder, mudar sua vida e salvar quem ama. Armado apenas com sua determinação e a coragem de quem não tem mais nada a perder, Joonwoo embarca em uma jornada brutal, enfrentando monstros, caçadores corruptos e seus próprios limites. Mas na Terra Espelhada, nem tudo é o que parece — e o verdadeiro poder pode ter um preço mais alto do que ele imagina. Com um sistema único de evolução animal e um destino entrelaçado aos segredos mais sombrios da Terra Espelhada, Joonwoo precisará escolher: será ele um predador... ou uma presa?
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Chapter 1 - Uma Vida Comum, Uma Luta Incomum

O alarme velho do celular tocou às 4:30 da manhã.

Com um gemido baixo, estiquei o braço e desliguei antes que acordasse a Eunha.

O pequeno quarto em que vivíamos cheirava a mofo e medicamentos vencidos.

A cama dela — na verdade, apenas um colchão fino no chão — rangia levemente enquanto ela se virava, tossindo.

Levantei devagar, puxei o cobertor surrado até o pescoço dela e fiquei observando por alguns segundos.

O rosto dela estava pálido, quase sem cor.

Eunha tinha apenas 13 anos, mas parecia ainda menor e mais frágil que as meninas da sua idade.

Anemia severa.

O diagnóstico veio há dois anos, pouco depois da morte dos nossos pais no desabamento de uma estação de metrô.

Desde então, éramos só nós dois.

Eu, Joonwoo Park, 17 anos, responsável por uma vida além da minha.

Na pequena cozinha improvisada, preparei o que restava: uma sopa rala de arroz e um ovo cozido dividido em duas partes.

Comemos isso todos os dias.

Era barato, enchia o estômago... e era tudo o que eu podia pagar.

Enquanto a sopa esquentava, revisei mentalmente o dia.

Depois da escola, trabalharia no restaurante até as 23h.

Talvez conseguisse uma hora extra, se ninguém aparecesse.

O aluguel do próximo mês vencia em cinco dias.

E a farmácia já tinha me cobrado duas vezes pelas vitaminas que Eunha precisava tomar.

Se eu falhasse... ela pagaria o preço.

Às 6:00, acordei Eunha com carinho.

Ela abriu os olhos devagar, piscando várias vezes como se o mundo fosse pesado demais para ser visto.

— Bom dia, nuna — sussurrei, sorrindo.

Ela sorriu de volta, fraco, mas verdadeiro.

Mesmo doente, mesmo fraca, ela nunca reclamava.

Era mais forte do que eu jamais seria.

— O café está pronto — falei, ajudando-a a se sentar.

Enquanto comíamos em silêncio, a TV velha no canto do quarto transmitia as notícias da manhã.

Ataques de bestas. Portais instáveis. Caçadores famosos fazendo fortuna.

Eu desliguei o aparelho.

Não fazia diferença pra gente.

Esses eram problemas de ricos, de poderosos.

A nossa batalha era sobreviver ao próximo mês.

A escola ficava a vinte minutos a pé.

Andávamos juntos até metade do caminho — depois eu a deixava na escola pública especial que aceitava alunos com doenças.

O vento frio cortava nossas roupas finas enquanto andávamos.

Pessoas de terno passavam apressadas, ignorando dois irmãos andando com mochilas gastas e rostos cansados.

Ninguém olhava para nós.

Ninguém jamais olhava.

No portão da escola dela, ajoelhei para ajeitar o cachecol no pescoço fino da Eunha.

— Fique dentro da escola. Nada de correr, tá? — disse, tentando soar firme.

Ela assentiu, mas seus olhos grandes diziam que ela sabia:

Ela sabia que eu estava lutando sozinho.

— Oppa... — ela chamou, segurando minha manga. — Vai dar certo. Eu acredito em você.

Sorri.

Era tudo o que eu precisava ouvir para continuar.

Mesmo quando o corpo doía.

Mesmo quando o mundo parecia querer nos esmagar.

Depois de deixá-la, corri até minha própria escola.

Cheguei quase atrasado, como sempre.

As aulas eram um borrão.

A maioria dos colegas falava sobre caçadores, poderes, fama e dinheiro.

Eu só pensava na próxima conta.

À tarde, entregava pratos em um restaurante pequeno no subúrbio.

À noite, limpava as mesas até as costas gritarem de dor.

Cada centavo que eu ganhava era contado.

Cada gasto era pesado.

Cada esperança era medida no preço de um comprimido.

Naquela noite, sentado na parada de ônibus, cansado demais para sequer manter os olhos abertos, uma pergunta me atravessou:

Até quando?

Até quando eu aguentaria?

Até quando Eunha conseguiria sobreviver com tão pouco?

Fechei os olhos e respirei fundo.

Não importa.

Enquanto eu respirar, ela também respirará.

Essa era a única certeza que me restava.